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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Intervenção de Terry Costa - Festival Pride Azores, Dia 4

És LGBT?
Conheces alguém LGBT na tua família?
Conheces alguém LGBT nos Açores?
Eu sempre faço estas perguntas no início de cada intervenção em escolas; na última escola que o fiz ninguém levantou a mão na pergunta “és lgbt?” mas depois da conversa com os mais de 20 alunos 3 vieram conversar em privado que eram lésbicas ou bissexuais. Estou a falar de jovens de 16 anos de idade. Alguns casos dizem que não levantaram a mão porque não sabiam o que era LGBT.
Lésbica, gay, bissexual, transgenero – agora que sabem será que modifica a resposta a: és lgbt? E é assim que termino as intervenções nas escolas. Em 18 intervenções com grupos de jovens apenas só uma vez é que um miúdo levantou o braço aqui no final, que não o tinha feito no início. E sim, de vez enquanto há jovens que levantam os braços quando a pergunta é feita inicialmente.


+ 24mil visitas únicas ao site www.prideazores.com

+ 6000 mensagens para o email prideazores@gmail.com desde o inicio  da associação há dois anos atrás. Isto quer dizer em média 8 a 9 mensagens por dia, claro a maioria das mensagens vem durante o Festival Pride Azores assim como ontem tivemos mais de 50 mensagens incluindo uma senhora que diz “Ouvi sua entrevista na rádio. Gostei bastante. Tenho quase a certeza que meu marido é gay. Queria convidar o Sr. Costa para jantar connosco. Acho que daria uma boa conversa e talvez assim conseguimos ajudar meu marido ultrapassar algumas barreiras e quem sabe se assumir gay...” Ainda não respondi à senhora, claro que vou agradecer o convite mas não posso aceitar. Se fosse para ir jantar com todas as senhoras que tem maridos gays não podia fazer mais nada por uns quantos anos nestas ilhas…

3092 pessoas que mandaram mensagem residem nos Açores e identificaram-se como LGBT; a maioria que continua comunicação depois da primeira mensagem pede confidencialidade assim que divulgam seu nome ou ilha, digo isto porque a maioria da comunicação é iniciada quase por anonimato; a maioria das mensagens vem de São Miguel, seguido por Pico, Faial e Terceira.

+55% consideram-se “no armário” mas o fato que mandaram mensagem à PrideAzores já é um passo em bom caminho, 25% já confidenciaram a sua sexualidade mas com apenas um ou dois amigos/as; apenas 4% identificaram que vivem suas vidas normalmente perante sociedade e mesmo assim na sua maioria não estão dispostos a participar publicamente com PrideAzores; há muito trabalho a fazer.

+ 3000 mensagens chegaram até nós sobre a associação ou programação como o Festival Pride Azores e Marcha. A sua maioria foi a agradecer ou a incentivar mais programas e eventos na região sobre assuntos LGBT; muitas pessoas pedem dados por ilha que infelizmente não temos e não existem e muitos pedem informação sobre locais gays ou gay-friendly como bares, cafés, etc; 15% das mensagens que nos chegaram foram no negativo, especialmente referindo a Marcha; sua maioria veio da ilha Terceira, seguido pela ilha de São Miguel.

+300 pessoas mandaram mensagem desde a Marcha do ano passado a dizer que participando na Marcha ou como audiência ou vendo a notícia na televisão os incentivou, foi uma das grandes razões que falaram com família ou amigos sobre homossexualidade.

+1300 pessoas juntaram-se na página da PrideAzores no facebook; 55% residem nos Açores, 20% no resto de Portugal, 5% estrangeiro, 20% anónimos.

Um inquérito anónimo num site de engate para homens que procuram homens foi realizado com 50 indivíduos que se identificaram residentes na ilha do Pico; 30% solteiros; 70% casados heterossexualmente; 62% tem um filho/a ou mais; 58% nunca usaram um preservativo na sua vida; apenas 14% dizem que já conversaram sobre a sua sexualidade com alguém da sua família ou amigo próximo; há muito trabalho a fazer.

Estes são alguns dados que podemos fornecer mas nada em concreto. Associação LGBT Pride Azores tem estado a compor um inquérito para ser realizado nos Açores sobre LGBT. Esperamos avançar com o inquérito já este Outono/Inverno. 

Conversas com vários professores na Universidade dos Açores foram iniciadas este ano para incentivar a inclusão de LGBT em estudos ou realizar estudos de temática LGBT. Há muito trabalho a fazer.

Quando jovens adolescentes apenas vêm prostituição como uma possibilidade de trabalho devido à sua sexualidade; quando jovens que são verdadeiros perante si próprios mas continuam a dizer que esperam casar heterossexualmente e depois podem ter amantes homossexuais; quando bullying continua em alta nas nossas escolas com uma das grandes razões ser a orientação sexual; quando piadas e anedotas continuam em grande sobre sexualidade e magoam muitas pessoas até ao ponto de se fecharem e não realizarem suas vidas normalmente perante sociedade… há muito trabalho a fazer.

Tudo começa com educação: visibilidade é educação.

Eu tenho um sonho… começando com os nossos líderes empresariais, de educação, saúde, politica e até lideres religiosos que são LGBT, aceitem-se a si próprios, assumam-se LGBT perante si próprios, e assim depois o podem fazer com aqueles que te rodeiam que mais amas… esse ato transformaria as nossas ilhas num lugar muito mais acolhedor, um lugar de muita mais paz e felicidade.

TODAS as famílias têm alguém LGBT.
Pode ser teu filho ou sobrinha, tua tia ou mesmo teu pai.
Assuntos LGBT afetam todas as famílias açorianas, quer queiram quer não.
Infelizmente hoje em dia o sofrimento reina nestas famílias devido a viverem no escondido com algo tão grande sobre suas vidas, o viver no “armário”, e não ser si próprio.

Chegou a hora de sair do armário
Amar toda a família
Dizer não à homofobia
Celebrar a tua verdade
Assumir a tua vida com naturalidade perante a sociedade


Não desapareças na paisagem… 

Terry Costa, Presidente da Associação LGBT Pride Azores


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