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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Voto de saudação não é suficiente para Pride Azores

Voto de saudação não é suficiente para Pride Azores

"O direito de nos manifestarmos e de termos orgulho naquilo que somos, naquilo que nos dá prazer, de quem gostamos, de defender as nossas convicções, são direitos humanos, fundamento de qualquer regime democrático." Assim começa o voto de saudação à Marcha LGBT dos Açores, apresentado no Parlamento dos Açores pelo Bloco de Esquerda,  aprovado com os votos de todas as bancadas e abstenção do PSD/A.
A associação LGBT (lésbica, gay, bissexual, transgenero) Pride Azores tem em conta e agradece a ação do Bloco de Esquerda em levar a questão para dentro do Parlamento, mas o grande desafio de todos os movimentos, incluindo os que lutam pela diversidade sexual e de género, é trazer o Parlamento cá para fora. 
Terry Costa, presidente da Associação LGBT Pride Azores reconhece que qualquer iniciativa de visibilidade é importante adicionando que  "Visibilidade é educação, mas não é com votos de saudação entre as paredes do Parlamento que mudamos a realidade diária das pessoas que são discriminadas nos Açores, é urgente uma política de proximidade para quem ocupa cargos político-partidários entender o mundo para além dos gabinetes, a realidade diária das pessoas LGBT nos Açores."
Cassilda Pascoal, ativista social, diz que "Das cadeiras do parlamento é fácil, agora na rua junto com as pessoas nem vê-los. O próprio texto da iniciativa parlamentar não é satisfatório para gerar sentimento de total identidade com a população LGBT, comete falhas ao reforçar algumas ideias pré-concebidas. Esses fatos representam bem o distanciamento entre quem está em cargos de decisão e o povo e deixa clara a falta de compromisso entre os parlamentares com a população."

 
Nem de levantar o dedo a bancada do PSD/A é capaz

Na continuação do debate, a deputada Zuraida Soares afirmou que "Não há abstenção para um responsável político quando a luta pelos Direitos Humanos está em causa". Mas aconteceu na bancada do PSD/A que se demitiu de tomar posição, usando a abstenção para camuflar os seus ideais conservadores.
"Nem levantar um dedo em favor ou contra deste voto de saudação, os deputados do PSD/A foram capazes. Fico triste por ver alguns destes indivíduos sem coragem, nem autonomia, para lutar por quem são. É uma pena que a homofobia interna e o medo reine no PSD/A, mas isto também mostra o quanto trabalho é necessário para fazer nos Açores, quando nos defrontamos com situações em que uma coisa tão simples como levantar o dedo parece impossível para alguns", acrescenta Terry Costa.

A Associação LGBT (lésbica, gay, bissexual, transgénero) Pride Azores foi criada com o objetivo de trabalhar o combate à forte homofobia que se manifesta sob várias formas nos Açores, consequente de medos, desconhecimento e ignorância. Pride Azores chama a atenção a todas as entidades governamentais e não-governamentais, educadores, comunicação social e famílias, para a mudança urgente da sociedade atual. Não pode ser aceitável que se continue a educar para o ódio e preconceito em vez de se educar para o amor e o respeito. Que legado social é este que vamos deixar às futuras gerações? Continuar a dizer-lhes que vão embora se querem liberdade e paz social porque nos Açores não conseguem?
É urgente agir agora para que todos os passos sejam dados em frente. A Pride Azores continuará na luta pela liberdade, contra todos os preconceitos.

Parlamento dos Açores saúda luta pelos Direitos Humanos da marcha LGBT de Ponta Delgada

Parlamento dos Açores saúda luta pelos Direitos Humanos da marcha LGBT de Ponta Delgada
Horta, 11 set (Lusa) - O parlamento dos Açores aprovou hoje um voto de saudação à marcha LGBT que decorreu a 30 de agosto em Ponta Delgada, sublinhando que esta é uma "questão de Direitos Humanos".
O voto foi proposto pelo Bloco de Esquerda e votado favoravelmente por todos os partidos à exceção do PSD, que se absteve, o que originou algumas críticas.
A marcha LGBT, organizada pela associação Pride Azores, procurou "retirar os açorianos e as açorianas gay, lésbicas, bissexuais e transexuais da invisibilidade", lê-se no texto aprovado pelo plenário.
"O preconceito e a discriminação existem, nos seus mais diversos graus, só ocultados pela invisibilidade social das suas vítimas, pelo que qualquer manifestação é, também, um meio de combater ambos. Por isso, a desvalorização da importância da referida visibilidade é, também ela, uma forma de cumplicidade com o preconceito e a descriminação", acrescenta.
A terceira edição da marcha LGBT dos Açores mobilizou pouco mais de dez pessoas, menos do que nos anos anteriores, o que a organização atribuiu a "pressões" para um regresso "ao armário" na região, depois da visibilidade que as primeiras manifestações deram à causa.
"Qualquer iniciativa, tenha dez pessoas, tenha duas pessoas, tenha 20 ou 15, qualquer iniciativa que promova uma discussão aberta, desempoeirada e que permita e garanta uma evolução da nossa sociedade e de mentalidades na nossa sociedade será sempre positiva e para a qual os agentes do sistema política devem contribuir", disse o deputado Berto Messias, líder da bancada do PS, que tem maioria absoluta no parlamento açoriano.
O PS sublinhou a importância de qualquer combate à descriminação e a "qualquer tipo de perseguição".
O PSD foi a única bancada que não votou a favor do texto, optando pela abstenção.
"Os deputados do PSD respeitam, por princípio, a liberdade de os cidadãos se manifestarem sobre as suas opções de vida e orientação, mas se em cada momento formos a saudar uma manifestação, sobre o tipo de organização e sobre o tipo de orientação, o parlamento está aqui a tomar uma posição", justificou o deputado social-democrata António Ventura.
Zuraida Soares, do BE, considerou que "não é possível um cidadão de pleno direito, sobretudo com responsabilidades políticas, abster-se no combate pelos direitos humanos e um mundo onde a não descriminação seja a palavra de ordem".
"Não há abstenção para um responsável político quando a luta pelos Direitos Humanos está em causa", sublinhou.
Ainda durante esta manhã, o plenário açoriano chumbou um voto de protesto, apresentado pelo PSD, por causa do cancelamento de uma ligação de um barco de passageiros à Graciosa na semana passada.
O PSD defendeu que não havia motivos de ordem atmosférica para esse cancelamento, mas PS, BE, CDS-PP e PCP sublinharam que essa é uma decisão técnica, que cabe apenas ao comandante do navio, e votaram contra.
 
MP // JLG
 
Lusa/Fim
 

domingo, 31 de agosto de 2014

Balanço de três anos da Pride Azores

Balanço de três anos da Pride Azores

A Associação LGBT (lésbica, gay, bissexual, transgénero) Pride Azores foi criada com o objetivo de trabalhar o combate à forte homofobia que se manifesta sob várias formas nos Açores, consequente de medos, desconhecimento e ignorância.

O preconceito com base na orientação sexual na região é, depois da discriminação de género, aquela que mais se faz sentir. Para além da discriminação existente na lei, que impede as pessoas LGBT de terem direitos civis na plenitude, o conservadorismo existente nos Açores só permite que as pessoas sejam socialmente aceites quando estas omitem as suas identidades.

Ao longo dos últimos três anos, a associação Pride Azores trabalhou em prol da visibilidade da diversidade sexual e identidade de género. Essa mesma visibilidade trouxe à tona também a homofobia e repressão exercida por parte de vários sectores sociais.

Neste balanço de três anos, podemos afirmar com toda a convicção, pelas experiências e situações que fomos vivendo e acompanhando que muitas dezenas, se não centenas das pessoas que iniciaram um caminho para a afirmação das suas sexualidades recuaram neste mesmo caminho depois de se confrontarem com situações de pressão, sob forma de ameaças subtis pondo em causa os seus postos de trabalho, projectos sociais ou relações pessoais. Outras ainda, não querendo recuar no caminho iniciado, e como tantas centenas nas décadas passadas, procuraram a sua liberdade fora da região.

Fazemos agora esta chamada de atenção a todas as entidades governamentais e não-governamentais, educadores, comunicação social e famílias, para a mudança urgente da sociedade atual. Não pode ser aceitável que se continue a educar para o ódio e preconceito em vez de se educar para o amor e o respeito. Que legado social é este que vamos deixar às futuras gerações? Continuar a dizer-lhes que vão embora se querem liberdade e paz social porque nos Açores não conseguem?
É urgente agir agora para que todos os passos sejam dados em frente.
A Pride Azores continuará na luta pela liberdade, contra todos os preconceitos.


Cassilda Pascoal & Terry Costa
Associação LGBT Pride Azores
www.prideazores.com

MARCHA LGBTS 2014 AÇORES

Marcha LGBTS Açores, 30 agosto 2014






Terra Nostra, 29 agosto 2014

Terra Nosta, 29 agosto 2014










 Diário Insular, 28 agosto 2014

Diário Insular, 27 agosto 2014


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

programação FESTIVAL PRIDE AZORES 2014 ponta delgada

FESTIVAL PRIDE AZORES
28, 29, 30 agosto 2014
Ponta Delgada, São Miguel, Açores


quinta 28 agosto
19h00 Jardim Antero de Quental: "Alice Moderno e Maria Evelina: Amor e Ativismo em São Miguel", Coletivo Alice Moderno


22h00 Biblioteca Pública e Arquivo Regional (BPAR): LGBT em FILMES

Exposição: ALL LOVE IS EQUAL de Braden Summers


Exposição "Portugal e o Mundo nos Direitos LGBT" - de 28 a 31 de Agosto SOLMAR Praça Central (iniciativa a cargo de UMAR-Açores)

sexta 29 agosto
10h00 - 20h00 Exposição "Portugal e o Mundo nos Direitos LGBT" - de 28 a 31 de Agosto SOLMAR Praça Central (iniciativa a cargo de UMAR-Açores)
19h30 - Jardim Antero de Quental: Debate "Portugal e o Mundo nos Direitos LGBT - Adopção SIM ou NÃO?"



21h00 Ateneu Criativo, Ponta Delgada:
Tertúlia do projeto "Antes de me discriminares, conhece-me!"
VIVER EM IGUALDADE, AMAR EM IGUALDADE
uma parceria CIPA - Novo Dia com a Direção Regional da Juventude e com a Direção Regional da Solidariedade Social.


Ser LGBT nos Açores - tens alguma história para partilhar?
Poesia e Prosa temática - tens algo para ler ou que queiras partilhar? é só aparecer...


sábado 30 agosto

10h00 - 20h00 Exposição "Portugal e o Mundo nos Direitos LGBT" - de 28 a 31 de Agosto SOLMAR Praça Central (iniciativa a cargo de UMAR-Açores)
18h00 Portas da Cidade: MARCHA LGBTS (lésbica, gay, bisexual, trans, simpatizante) a prol dos direitos humanos para todos os seres humanos

19h00 Portas do Mar: Encontro no Tentorium logo a seguir à Marcha, depoimentos e apresentações

LGBT em FILMES quinta 28 agosto 22h PDL

O Festival Pride Azores apresenta uma seleção de filmes curtas de temática LGBT.

quinta 28 agosto 22h
Biblioteca Pública e Arquivo Regional de PDL


Dentro | Bruno Autran | 15´06 | Brasil | 2014
Na casa de praia dos pais, ele comemora mais um aniversário.
A chegada inesperada de um rapaz o faz perceber que a pior ferida é aquela que te consome por dentro. TRAILER
 

Little Vulvah & Her Clitoral Awareness | Sara Koppel | 5´ | Dinamarca | 2013

Uma menina acorda de um sonho, despertado pelos pássaros de prazer que trazem um vestido curioso. Ela se propõe a explorar a natureza, e é absorvida em momentos estranhos de prazer durante o desenvolvimento até ser uma jovem mulher.

AMIAS | John Giordano | 9´08 | UK | 2013 
É a caminhada de um rapaz a partir do ponto de vista privilegiado de seu mais profundo inconsciente. A história catapulta para uma dimensão onírica num lugar entre o sonho e a realidade, constantemente dividido entre o que é agora, o que foi e o que poderia ser, não apenas para ele, mas para cada um de nós. TRAILER




HALF LIFE | Nicolas Pourliaros | 5´33 | Grécia | 2014
Harry é um jovem na casa dos trinta e vive em Atenas. Encontramo-lo no período mais difícil de sua vida. Ele não tem nenhum dinheiro, ele não tem um emprego, cortaram seu abastecimento de água, porque não podia pagar as contas de seu apartamento. Ele está desesperado e podemos vê-lo a realizar uma decisão arriscada para o seu futuro, a fim de sobreviver a crise na Grécia.


 
 
SHIMI | Kate Maveau | 20´ | Bélgica | 2013
SHIMI é a história da KEELY, uma adolescente de 16 anos, solitária, que tem sido rudemente tratada por Sarah (18), uma colega da sua aula de ballet. Num momento inesperado, Keely atende Mairi (21), uma moça excêntrica e atraente que é o total oposto. Uma nova amizade é criada e através de uma narrativa poética cinematográfica descobrimos muito mais de psicologia.  TRAILER
 

cartaz do Festival Pride Azores 2014


ABRIR ARMÁRIOS, CRIAR PONTES
Festival Pride Azores
28, 29, 30 agosto 2014

Ponta Delgada, São Miguel, Açores



domingo, 13 de julho de 2014

Festival Pride Azores de 28 a 30 de agosto 2014

Já lá vão três anos de visibilidade LGBT no arquipélago dos Açores através da Associação LGBT Pride Azores. Muito tem mudado. Muito para se fazer.
Estamos a preparar programa para o terceiro Festival Pride Azores - queres fazer parte? prideazores@gmail.com
De quinta dia 28 a sábado dia 30 de agosto com a Marcha LGBT, a prol dos direitos humanos para todos os seres humanos, vamos estar presentes na maior cidade dos Açores, Ponta Delgada.

domingo, 18 de maio de 2014

Mais visibilidade, mais educação

Mais visibilidade, mais educação

17 de Maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia.
Nos Açores esta data foi marcada, pela terceira vez, pela Associação LGBT Pride Azores. Desta vez coube à cidade Património Mundial de ser a anfitriã, depois de em passados anos a Horta, Faial e São Roque do Pico terem sido os locais do evento de sensabilização para com assuntos LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual, Transgenero).

O evento em Angra do Heroismo começou com um "cordão humano" na Praça Velha onde participantes deram as mãos em solidariedade para com todas e todos os indivíduos que sofrem devido à sua orientação sexual. Em 2013 a associação recebeu contato de 52 pessoas que foram vítimas de atos homofóbicos, e nos primeiros 4 meses deste ano já recebeu comunicação de 17 açorian@s. Hoje em dia, as pessoas já começam a ter coragem de denunciar a alguém que estes crimes acontecem. Infelizmente ainda ninguém foi jurado num Tribunal de Justiça regional por um crime de homofobia - os casos são sempre suspensos, ou as vitimas desistem no processo.




Quando entraram na Câmara Municipal de Angra do Heroismo, participantes encontraram nas cadeiras do Salão Nobre, flores com mensagens. Estas flores foram uma participação no Nucleo de Iniciativas de Prevencão e Combate à Violência Doméstica. Depois de lerem as mensagens, o Presidente da Pride Azores, Terry Costa, deu as boas vindas e durante o evento foi lendo mensagens que açorianos e açorianas tinham mandado à associação. A Psicóloga Rita Ferreira da UMAR Açores leu a mensagem distribuida este ano pela Pride Azores, "Palavras que o vento não leva", um resumo da tese de Catarina Rodrigues, assim incentivando um diálogo sobre educação.

O Comandante da PSP de Angra Alfredo Rodrigues, o Advogado Jurista Luis Rafael do Carmo, o Presidente da Juventude Socialista Açores Guido Teles e o Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroismo Alamo Menezes todos contribuiram com sua palavras de apoio à causa. Momento histórico para a Pride Azores quando o Presidente Alamo Menezes disse em público "as portas desta casa estão abertas para colaboração com Pride Azores, não só neste evento mas o ano inteiro".




A conversa da falta de materiais nas escolas para educar sobre assuntos de homossexualidade e homofobia terminou o evento, onde se encontravam vários professores das escolas de Angra, entre outras pessoas que vieram pela curiosidade no assunto e apoio à diversidade.

Mais visibilidade, mais educação é o lema deste ano, e assim Pride Azores continua o movimento pelos municipios dos Açores incentivando seus cidadãos e cidadãs a viver naturalmente perante a sociedade, "não é necessário esconder a nossa orientação sexual" termina Terry Costa.

A associação lança novamente o desafio aos municipios, para que em 2015 este evento seja marcado com o apoio de uma nova Câmara da região. Continuar a trabalhar com Angra do Heroismo, especialmente depois das grandes palavras do seu Presidente Alamo Menezes, agora também entra nos planos da Pride Azores.

O próximo evento público da associação LGBT Pride Azores é o Festival Pride Azores, que inclui a Marcha, no dia 30 de agosto na cidade de Ponta Delgada. www.prideazores.com

Mais fotos do evento no facebook da Pride Azores e também na página da CMAngra

Noticia na dezanove.pt

Diàrio Insular, 20 maio 2014

Palavras que o vento não leva, por Catarina Rodrigues

Palavras que o vento não leva

Respeito, Tolerância, Igualdade, Inclusão, são palavras que ouvimos constantemente, quer pela comunicação social, quer no nosso dia a dia, nos mais diversos contextos. Assistimos à adoção em massa de um discurso que hoje é tido como socialmente correto no que diz respeito a questões como a orientação sexual. No entanto, é necessário analisar e desconstruir esse discurso de forma a tentar compreender se o mesmo corresponde à apropriação do conceito que ele próprio encerra, isto é, a consciência para práticas que têm em conta a diversidade. 

De acordo com os resultados da investigação de carater qualitativo que pretendeu aceder à compreensão dos discursos e da ação de professores, a lecionar na ilha de São Miguel, em relação à homossexualidade, e que deu origem à dissertação de Mestrado Discursos sobre homossexualidade numa comunidade educativa: perspetivas de professores (Rodrigues, 2012), apresentada na Universidade dos Açores, ainda existem muitos constrangimentos em relação à homossexualidade, embora muitas vezes camuflados por um discurso socialmente polido. De um modo geral, encontraram-se professores que conseguem identificar preconceitos, estereótipos e situações de discriminação devido à orientação sexual, tanto na sociedade como na escola. No entanto, eles próprios têm enraizado o modelo heterossexual da sexualidade, de que fazem uso, tanto na vida pessoal como na prática profissional. 

Na escola, é a partir da ideia de heterossexualidade que os conteúdos são elaborados e que os discursos são produzidos. Perguntar a um rapaz "Já tens namorada?" e a uma rapariga "Já tens namorado?", ignorando outras possibilidades de relação afetiva, é algo que está tão interiorizado e mecanizado como "a ordem natural das coisas", que parece não admitir outras formas de sexualidade. No referido estudo, apenas uma professora evidenciou a utilização de um discurso abrangente, justificando para tal as diversas formações que teve sobre sexualidade e afetos, as quais lhe despertaram para a importância da utilização de um discurso respeitador da diferença.

Ainda de acordo com os resultados desta investigação, a referência à homossexualidade como forma de insulto entre alunos parece ser uma prática tão comum que, na generalidade, não é considerada uma forma de agressão. Comentários como "maricas", "zabela" ou "paneleiro" fazem parte do dia a dia escolar e são muitas vezes ignorados pela comunidade educativa. De facto, parece existir uma grande lacuna na formação dos professores no que se refere à sexualidade e, especificamente, à homossexualidade. Estes profissionais, que deveriam ser os principais agentes de mediação e combate de práticas discriminatórias dentro da escola, pela afirmação ou pelo silenciamento vão legitimando determinadas práticas sexuais e reprimindo outras, e assim exercendo uma pedagogia da sexualidade, muitas vezes sem terem disso consciência. 

Toda esta problemática ganha particular relevância quando falamos de adolescentes, pois para além das profundas alterações que vivenciam a nível físico e nos domínios cognitivo, psicológico, afetivo e relacional, têm a complexa tarefa de conciliar todas essas transformações com a exigências sociais e esperanças pessoais de formar um autoconceito coerente, isto é, uma identidade. E se a escola nega ou ignora outras formas de sexualidade que não a heterossexualidade, está a oferecer poucas oportunidades para que os adolescentes e jovens assumam, sem culpa ou vergonha, a sua orientação sexual. 

Então, se queremos realmente uma sociedade mais justa, podemos começar por alterar os discursos. A discriminação não se manifesta apenas por atitudes violentas e homofóbicas, vindo, muitas vezes, dissimulada em discursos que se dizem "tolerantes". 

Citando o escritor Vergílio Ferreira, "Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras”. E, infelizmente, não são levadas pelo vento. Pelo contrário, vão deixando marcas nas histórias pessoais e moldando quem as ouve. 

A escola, como espaço que propõe educar e propiciar recursos para a evolução intelectual, social e cultural do homem, tem o dever de formar gerações mais informadas e sem preconceitos. Mas todos nós, enquanto sociedade, também temos um papel. Não somos só o produto, também somos produtores da sociedade em que vivemos.
Na equação do respeito pela diversidade, as únicas variáveis somos nós. Não deixemos que esta seja uma tarefa para "os outros", pois "os outros" dos outros, somos nós.    

- Catarina Rodrigues