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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Festival Pride Azores 2013 - Dia 4

O auditório da Biblioteca Regional de Ponta Delgada foi o local do Forum: Não desapareças na paisagem.
Uma intervenção sobre a associação LGBT Pride Azores com dados de comunicação e apoio realizado no último ano foram apresentados pelo presidente Terry Costa. A Dra Natalia Garcia do Centro de Terapia Familiar apresentou "Amar a si próprio", uma palestra que incentivou uma conversa com algumas testemunhas no tema "Ser LGBT nos Açores", que incluiu a participação da jovem Sofia, Vitor Oliveira, um jovem que já contribuiu para a Pride Azores através da sua arte de bodypainting, a artista Teresa Gentil que vai atuar este sábado à noite, o ativista Jorge da Costa e a grande vedeta de outros tempos Chica de São Roque que também estava presente para falar sobre bissexualidade e travestismo. 
Foi uma noite recheada de conversa, educação e encontro de LGBT e simpatizantes da região.

Excertos da intervenção da Dra Natalia Bautista Garcia, Centro de Terapia Familiar:

"... Amar-nos a nós próprios é uma difícil tarefa para todos/as nós, uma luta diária para alcançarmos um estado de felicidade. Amar-nos a nós próprios/as é antes de tudo a aceitação incondicional e completa de todos os nossos aspectos.
Amar o nosso corpo tal qual é, sem força-lo a ajustar-se a um modelo que nos impuseram, cuida-lo e respeita-lo por dentro e por fora.
Amar e aceitar as nossas emoções, pois todas elas têm uma função positiva na nossa vida.
Amar a nossa alma, a nossa parte espiritual.
Este amar-nos a nós próprios é uma luta diária individual, mas o certo é que o nosso contexto, a comunidade e família pode ajudar-nos a que esta seja uma luta mais fácil ou mais difícil.
Todos/as nós seja qual for a nossa orientação sexual precisamos de validação - validação é “sentirmo-nos valiosos” sentir que somos importantes, respeitados e valorizados. 
(...)
Como a validação vem de fora, há uma parte da nossa auto-estima que depende da nossa sensação de ser valioso/a, ou seja depende da imagem que os outros nos devolvem de nós próprios, (os outros como espelho) e essa imagem vê-se comprometida se não recebemos uma boa imagem do exterior.
 As pessoas LGBT de hoje em dia, são aqueles que cresceram numa cultura onde se lhes negou a validação da sua sexualidade. Tradicionalmente cresceram em famílias onde ser homossexual está mal visto, é mau, pecado ou uma doença…isto faz com que muitos/as deles/as tenham passado alguma etapa do descobrimento da sua orientação sexual carregando culpa, vergonha e solidão. Muitos são os casos das pessoas que tiveram de emigrar para poder ser eles proprios/as e vivenciar a sua sexualidade de uma maneira mais relaxada… sem tanta pressão social…(tendo em conta o trauma que supõe uma dupla vida ou ter que estar longe dos seus e das suas raizes para poder crescer).
(...)
A aceitação é fazer as pazes connosco próprios e não querer ou desejar ser outra pessoa.
No geral todos nós passamos por um processo de aceitação da nossa identidade, seja pela nossa raça, orientação sexual, género, nacionalidade (...) 
Mas para uma pessoa LGBT, a dificuldade vem do facto de que desde a sua infância estão a ouvir mensagens discriminatórias em relação à homossexualidade ou outras orientações que não a hetero. Com conceitos associados a características negativas…a nomes feios: “maricas” “bichas” “rabeta” "fufas” "travecas”…por isso é difícil aceitar que somos uma coisa que é tão denegrida pelos outros.
Os/as que não conseguem aceitar a sua orientação ou o facto de que esta seja publica acabam por viver “no armário” a esconder quem são dos outros e de si próprios/as.
(...)
Quando um LGBT vai à terapia porque a sua orientação sexual está a mexer com o seu bem-estar, o problema não é a orientação sexual, o problema é a dificuldade em aceitar-se, em amar-se a si próprio/a, por isso a terapia deverá sempre ir na direcção de lhes dar as ferramentas que precisam para uma sã identificação que lhe permita ser inteiramente feliz.
A chave para chegar a esta aceitação está no AMOR, O AMOR PRÓPRIO, vem de interiorizar que ser LGBT não é um castigo e sim uma prenda da vida, da natureza!
 Mas o amar-nos a nós próprios não sucede de um dia para outro... é um processo, para muitos/as de nós é o resultado de uma vida! Mas não devemos desistir!
O processo de construção da identidade, da nossa orientação sexual é um processo individual, mas como o resto dos processos dentro da construção da nossa identidade depende muito do nosso contexto familiar, social e cultural e é aí onde entra a nossa responsabilidade enquanto sociedade de lutar para que ser LGBT seja aceite de igual forma do que a heterossexualidade.
É por este motivo que eventos como este, no qual se inclui a Marcha do sábado fazem sentido!"
  

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